Levantamento feito em dezembro norteia políticas públicas destinadas a essa parcela da população
A Secretaria de Assistência Social de Itaúna tem trabalhado incessantemente na busca de soluções para as pessoas em situação de rua. Várias medidas foram adotadas nesse sentido, nos últimos dois anos, a partir de levantamentos feitos pela equipe, com ampliação das abordagens nas vias públicas, em todas as regiões da cidade e em horários variados, nos períodos da manhã, tarde e noite.
O diagnóstico foi usado para aumento e implementação de serviços voltados a essa parcela da população. “Por meio do programa Migrante, agora foram incluídas Pará de Minas e Itaguara, na lista de cidades para as quais são oferecidas passagens. Antes era só para Divinópolis e Belo Horizonte. Essa iniciativa é muito importante, pois, viabiliza condições para aqueles que desejam retornar às suas origens, às suas famílias”, comenta.
O secretário conta também que o Albergue Fraterno Bezerra de Menezes passou a contar com assistente social e psicólogo, alternativa para reforço da atenção às pessoas em situação de rua. O fortalecimento das parcerias com as comunidades terapêuticas, com foco no atendimento aos andarilhos que também são dependentes químicos, a maioria, conforme apontou a pesquisa, foi outro fator positivo.
“Realizamos simpósios, fóruns, visitas a municípios da região para conhecer as políticas públicas destinadas a essa população. Em breve promoveremos uma campanha para incentivar a ajuda do jeito certo, com doações para as entidades, como abrigos, albergues e asilos, em vez de dinheiro diretamente para os pedintes. Estamos estudando a criação de uma casa de apoio, junto de igrejas e membros da sociedade civil organizada. E, sempre abertos a sugestões para melhoria do trabalho”, completa Élvio Marques.
Censo
Funcionários da Secretaria de Assistência Social e do Centro de Referência Especializada em Assistência Social – Creas – fizeram o censo da população em situação de rua entre os dias 13 e 21 de dezembro. Foram abordadas 55 pessoas em toda a cidade, em pontos como a rodoviária e imediações, Praça Doutor Augusto Gonçalves, avenida Jove Soares e no imóvel da antiga Estação Ferroviária, em Santanense.
Os profissionais tiveram oportunidade de conhecer de perto a realidade dos andarilhos, compreendendo o comportamento, sentimentos, atitudes e necessidades, além das questões que levaram a buscar as vias públicas como moradia. “Uma maneira de abrir espaço para a erradicação do preconceito e discriminação, viabilizando a garantia dos direitos”, explica o secretário, Élvio Marques.
As equipes responsáveis pelo levantamento constataram que a maioria das pessoas em situação de rua possui e mantém contato com a família; é solteira; tem profissão; não apresenta comorbidades, sendo que apenas um dos entrevistados é portador do vírus HIV e está em tratamento. Quase a totalidade relatou dependência química, com abuso de álcool e outras drogas.
Também foram apurados os motivos pelos quais os andarilhos estão nessa situação: dificuldades financeiras, provocadas por perda de emprego ou renda; rompimento dos vínculos familiares; desejo de mudar; depressão; livre uso de substâncias psicoativas; identificação com o estilo de vida. Grande parte não tem vontade de sair das ruas.